terça-feira, 24 de maio de 2022

UM VERSO SURREAL


Um verso surreal desconversava

para quem o queria ouvir

e quanto mais explicações dava,

um dia destes havemos de lá ir.

 

-Impossível, berrou o verso alterado,

isso não faz qualquer sentido,

não sou lá visto nem achado

e o mais certo é ser excluído.

 

Feitas as pazes, o surreal entrou no texto.

Primeiro a medo e mais tarde contrafeito…

- Ficas num verso mudo, dentro do contexto

e que te faça muito bom proveito.

 

Amuado, a um canto da improvisada estância,

pergunta aos demais e nenhum lhe responde:

aqui ninguém me dá qualquer importância;

posso ir lá também, mas aonde, aonde?


 

sábado, 14 de maio de 2022

AVENTURAS DE UM PARDAL


Um pardal entrou-me pela janela,

assim num volteio ou golpe d’asa,

encarou-me e voltou a sair por ela

por não saber que estava em casa.

 

Furtivo, a explorar a minha ausência,

parceiro de migalhas a todo o custo,

mas nem um miolinho de pão, paciência,

e nem eu nem ele ganhámos para o susto.