Às
vezes um salto brusco, um sobressalto
daqueles
que guardamos em gavetas abarrotadas
com
papeis, cumpre a sua missão de catarse:
-Eu
sabia que um dia te encontrava – suspiramos.
Um
papel escrito. Um pedaço de papel sem valor
aparente,
a que só nós damos toda a importância,
e
mais ninguém arriscaria uma molécula de interesse.
É
nesse instante que nos tornamos únicos.
Levamos
estes sinais sem dar por eles.
São
subtis, não estão ao alcance dos outros
nem
de nós, salvo naquele momento preciso,
de
sobressalto, em que connosco nos encontramos
algures,
num rascunho perdido ao fundo da gaveta,
onde
sempre estivemos a sós e em silêncio,
sem
dar conta que algo ainda havia para acrescentar
ao
que somos, mas que mais ninguém irá dar por isso.