A
memória tem um lugar próprio para os retratos:
os
de família, os de viagens e os nossos, em criança.
A
verdade é que os retoca, troca de lugar
e,
mesmo os a preto e branco, dá-lhes brilho e cor.
Tenho
assim um álbum de recordações,
nem
todas reveladas. Muitas, em película,
têm
as cores trocadas e sou eu agora que as invento,
ao
desafio com a memória, dando cor ao meu passado.
Mas
o passado foi muito mais do que retratos,
foram
anos de memória ausente, e tão velozes passaram,
que
hoje se parecem com as desbotadas cartolinas
à la minute, em pose e
vestes que já não reconheço.
Deixemos
então os retratos nos lugares onde estão,
mesmo
sabendo que são únicos e que nunca poderemos
pedir
cópias daqueles em que ficamos bem,
só
para repetir as qualidades que duvidamos ter.