A rua onde eu moro não tem casas;
só tem árvores e gente ao fundo.
E eu não tenho braços; tenho asas,
que me carregam até ao fim do mundo.
Posso voar, ver com olhos de pardal,
a rua verde e sem casas onde moro.
Alva, deserta: um vastíssimo quintal
em que não estou, não vivo, apenas choro
compulsivamente água e persistência.
Por isso aceno-me um adeus de abalar
para onde o relento me acolha ao luar,
feito nuvem, nimbo ou engenho de voar.
E sem atenças volto a ser essência
de onde mora a minha própria ausência.
só tem árvores e gente ao fundo.
E eu não tenho braços; tenho asas,
que me carregam até ao fim do mundo.
Posso voar, ver com olhos de pardal,
a rua verde e sem casas onde moro.
Alva, deserta: um vastíssimo quintal
em que não estou, não vivo, apenas choro
compulsivamente água e persistência.
Por isso aceno-me um adeus de abalar
para onde o relento me acolha ao luar,
feito nuvem, nimbo ou engenho de voar.
E sem atenças volto a ser essência
de onde mora a minha própria ausência.
belíssimo Poema , POETA ...
ResponderEliminarDeixo-me ficar lendo e relendo, ouvindo a música e um cão ladrando ao longe ...
Abraço , POETA!
___________ JRMARTO
e quem se importa com casas, quando se tem asas. mesmo assim, fiquei triste...
ResponderEliminarum beijo, joão.
Eu gosto deste soneto, que é, provavelmente, dos melhores que escreveste. Se tiver tempo e pachorra, talvez o analise como se o explicasse a alunos do ensino secundário.
ResponderEliminarPessoa andou por aqui há pouco tempo, não andou?
Abraço.
Quem tem asas no lugar dos braços, bem pode dizer que a sua rua é o mundo todo.
ResponderEliminarEsta música... Linda!
Um soneto que me prendeu, do inicio ao fim, como a rua onde mora a ausência...
ResponderEliminarAbraço
Chris
Quando se chora persistência, a lágrima suaviza e lava a alma ...
ResponderEliminarLÁGRIMAS(S)
Sabes?!
Não poderás saber!
Finge ou desmente...
Só sabe da lágrima
Que deveras sente.
(nov.2007)
Por isso, aceno-te sem adeus de abalar,
permanecendo!
Beijinho
Mª Jose
Passei na tua rua, ao som da sonata, João, e adorei.
ResponderEliminarBeijo
Bom ler você neste dia que vai tomando corpo ao corpo do Universo.
ResponderEliminarTem um convite no meu cantinho, para você e seus amigos,
Efigênia Coutinho
a des construção
ResponderEliminardo
voo
*abraço*
Cheguei aqui, a esta rua sem casas mas cheia de musicalidade nas palavras, no vento e nos sentimentos e perguntei-me: por onde tens andado Graça? Voltarei, sem dúvida, para recuperar tempo...Um beijo Graça
ResponderEliminarO João consegue poemas perfeitos e de uma doçura invejável.
ResponderEliminarA fotografia coloca-nos no centro do poema fazendo-nos essa personagem alada e que apenas vê para alem desse tempo e dessa rua.
Lindíssimo, este seu poema da rua sem casas.
ResponderEliminarBela imagem, também. :-)