Há muitos anos que faço, por gosto e dedicação, e sempre que convidado para tal, actividades de animação com crianças do Ensino Básico e Secundário, designadamente, acções de dramatização de histórias e lendas, promoção da leitura, leitura de poemas próprios e de outros autores, e também saraus, colóquios e tertúlias para outros públicos.
Para além da ilustração avançada nesta minha apresentação, posso dar conta de que tenho, desde 1972, oito títulos de poesia e um de ficção editados, colaborações dispersas em jornais e revistas, como é o caso, actualmente e desde há onze anos, no Ensino Magazine.
É assim meu propósito colocar-me à disposição (como aconteceu já neste blog em Junho passado) para eventos que entidades interessadas queiram levar a cabo, nos quais se enquadrem actividades como as que atrás refiro, sendo a divulgação respectiva por conta de quem as promova.
O valor de cada sessão (cerca de uma hora) será de setenta e cinco euros, mais despesas de alimentação e transporte.
Contacto:
e-mail: teijoao@gmail.com
a esferográfica
(uma história)
Há um bom par de lustros, era eu um recém responsável pelo balcão albicastrense da Aliança Seguradora, fui convocado para um seminário a ter lugar num hotel de Caldas da Rainha.
Dizia a convocatória que o evento seria nos próximos sexta e sábado e versaria temas da área comportamental. Mais dizia, que os participantes viriam de todo o país e, por isso, não seria de estranhar que os colegas não se conhecessem. O traje seria informal.
Dormi no dito hotel de quinta para sexta e às nove em ponto já estava no átrio disponível para a chamada.
A convocatória avisava que “não seria de estranhar que os colegas não se conhecessem” mas a surpresa é que não conhecia absolutamente ninguém. Nem de vista!
- Isto foi mesmo organizado a preceito – pensava eu ali colado ao balcão da recepção. Era no entanto estranho que “eles” se conheciam ou pelo menos conversavam entre si. Estariam a fingir, a armar ao fino? Ou era eu, pobre elemento da província, a quem os colegas de Lisboa e Porto não passavam cartão?
Após um certo burburinho, por volta das nove horas, todos se encaminharam para a sala de reunião, tendo-me assim misturado com aqueles cerca de trinta indivíduos, que então passaram a cumprimentar-me, sorrindo amavelmente.
Dentro da sala, todos procuramos assento à mesa que era disposta em “U”.
Confortavelmente sentado, solicitei uma pasta e uma esferográfica, troquei dois dedos de conversa de circunstância e comecei a reparar por baixo da mesa à minha frente que alguns “colegas” calçavam sapatilhas.
- Informal, mas não tanto, caramba! – Ajuizava eu de forma crítica.
Foi por esta altura que um sujeito, talvez o director, por sinal bastante simpático, me abordou, inclinando-se sobre o meu lugar e perguntou:
- O colega, desculpe, veio de onde?
- De Castelo Branco. – Respondi prontamente.
- Então deve estar enganado. Isto é uma reunião do pessoal das Águas do Areeiro.
Pedi desculpa de forma atabalhoada, devo ter corado como um tomate e saí da sala com tanta vergonha, que se tivesse ali um buraco, ter-me-ia afundado e desaparecido, tal o vexame.
Cá fora, conferi a convocatória: sala dois às 9.30 h.
Pedi então licença para entrar na sala seguinte, onde já funcionava o “meu” seminário. Voltei de novo às desculpas, mas desta vez já mais aliviado. Afinal eram quase todos conhecidos!
O monitor era um tipo divertido e deu início aos trabalhos com uma prelecção sobre… o trabalho. Dizia ele que era preciso aprender a trabalhar para não ter que trabalhar. Para criar ambiente pediu-nos que contássemos de viva voz uma história que tivéssemos vivido e que achássemos divertida.
Naquela altura do campeonato já eu achava divertida a minha história de há meia hora atrás e foi essa que contei.
No fim, os meus colegas riram a bandeiras despregadas à custa da minha peripécia e eu reparei que ainda tinha apertada na mão a esferográfica das Águas do Areeiro, que me esqueci de devolver, e rematei:
- Se não acreditam, tenho aqui a prova. E mostrei-lhes a esferográfica.
Que trabalho bonito este teu, João. Trabalhar com cultura, arte e literatura é tudo de bom. Tenho inveja (da boa) de quem trabalha nesta área. beijos.
ResponderEliminarGosto desse jeito de contar.
ResponderEliminarEntrando na narrativa, parece que não foi difícil transformar uma situação constrangedora num motivo de descontracção e bem-estar.
Um beijo
A história não é longa.
ResponderEliminarEstá convidativa e quase nos deixa ver um jovem com um interior em expectativa e a sua luta com a incerteza.
João, diverti-me co m a esferográfica das àguas do arieiro, gostei do troca-tintas, e muito da núvem.
ResponderEliminarVou passar a visitar-te de quando em vez.
Beijos, Olga
Um convite à prosa, a às histórias simples e deliciosas...
ResponderEliminarUm abraço
Chris
Como sabes, gosto das tuas "estórias" e desta também.
ResponderEliminarMas recomendo aos colegas comentadores a leitura de "Mar de Pão". E do inesquecível Xico Velhaco.
Abraço.
João, ler você e acontecer, estava mesmo com saudades de vim neste seu recanto mágico, adorei!!!
ResponderEliminarPassa na minha casinha, venha sentir a minha
PRIMAVERA,
Efigênia Coutinho
Gosto de lêr as tuas histórias. Qualquer tema te serve para fazer uma história.
ResponderEliminarAdorei a que me deixaste.
Obrigada João.
Beijo.
Linda história, muito bem contada.S
ResponderEliminaraudações Florestais !
o que não se faz por uma esferográfica... eh eh eh...
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