No dia em que me apercebi que “às vezes”
tem o mesmo significado que “nem sempre”
fiquei muito desiludido.
Nunca esperei que existissem duas frases
desprovidas de um objectivo mensurável
e o mesmo significado,
semelhantes a cotonetes, cujo lado a utilizar
depende do acaso e é aleatório.
Mas não disse nada, não fosse a descoberta
causar pânico ou, pior, alguém dizer
que o assunto constava já de uma velha agenda
da Academia das Letras, tornando ridícula
a minha desencantada descoberta.
Um autêntico desperdício, que às vezes molesta
e dá vontade de desistir, mas nem sempre.