quarta-feira, 27 de agosto de 2014

NAU DE AGORA


(Glosa da conhecida cantiga de amigo do rei Diniz)

Já vai longe, longe, a caravela
e  o sol a bordo dela.
Ai Povo, e u é?

Flutua airosa como só ela
de vela panda, lá vai ela, lá vai ela.
Ai Povo, e u é?

A bombordo não há ninguém,
não sei se vai, se vem.
Ai Povo, e u é?

E quem vem nela, quem nela vem:
traições, arbítrios, zés-ninguém…
Ai Povo, e u é?

Águas mortas, mortas ao abandono,
até as areias têm dono.
Ai Povo, e u é?

Mais já não posso, mais já não digo,
não me vá pela sorte o castigo.
Ai Povo, e u é?

De tanto mar, de crenças mil,
serão trovas ou lembranças de Abril?
Ai Povo, e u é?

Ai Povo, e u é?