sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

PEIXES



Nunca escrevi sobre peixes. Prefiro a elegância dum par de asas

ao tremor constante das barbatanas. Não o digo por desdém,

por mero capricho. Outrossim, com as pálpebras de água rasas,

porque adoro os oceanos, os rios, tal como o céu do meu vaivém.

 

São elegantes, os peixes e as escamas dão-lhes luz e graça,

se mais não dessem, e toda a agilidade na água onde prosperam.

Às vezes, junto ao rio, detenho-me quando um cardume passa,

o meu desejo é tocar-lhes mas eles esgueiram-se e nunca esperam…

 

Pioram as coisas em águas turvas, altera-se a emoção.

Qual aquário, qual cardume, qual anfíbio, ágil marujo!

Se o dito é daqueles que nunca se dão por saciados, um tubarão,

então não me esperem contemplando as águas, porque fujo.