Há dias em que um mar em mim se revolta;
outros, em que adoça como um favo de mel…
Há dias em que o mar que invento à solta
não é mais que um rascunho em papel,
seco, sedoso embora, mas seco como palha.
Banha-me falsamente, cobre-me de iodo,
faz-me naufragar quando calha
e atira-me contra as rochas de mau modo.
E o mar sou eu, quase nunca navegável,
à vez revolto e calmo; denso e transparente,
que tanto pode sublevar-se como ficar estável,
próprio de sermos mar e sermos gente.