Não havia cheiros como os da casa
da minha avó.
Ah, se eu pudesse descrevê-los,
reproduzi-los com palavras
perfumadas!
Subia as escadas
com aromas carregados de maresias
recentes,
misturados com o perfume do
irrepreensível encerado,
e sabia, pela corrente de ar
vinda da cozinha,
que uma grande fatia de pão
caseiro,
com queijo de cabra, me estaria
reservada para a merenda.
Cada recanto tinha o seu próprio
odor,
por isso reconhecia de olhos
fechados
a geografia de toda a casa
e do meloso aroma das mãos que me
afagavam o rosto,
dos lábios que me beijavam,
do regaço que me acolhia como
ninguém.