Ponho um pouco de graça
em tudo o que improviso:
às vezes a coisa passa,
outras nem por isso.
Mas tem ainda mais graça
quando a graça, em suma,
em vez de graça, embaça,
e não tem graça nenhuma.
Na verdade, o que desejo,
o que quero e desafio
é morder e dar um beijo
sem cuidar se choro ou rio.
Olha que graça isso tem,
morder e dar um beijo!
não será tal como quem
mata o próprio desejo?
Pode ser mas não é tal
e pode bem não ser assim:
morrer num beijo não é mal;
mal é morrer em mim.