Como te invejo amigo cão,
o teu sol e
mesmo o teu osso;
não a coleira
do pescoço;
a condição.
Como te invejo
o faro, irmão!
Cheirar até o
bafo de deus,
seres tu por
mim alguém e eu
o cão.
Como te
invejo, meu ciúme é vasto:
o amor que
fazes à minha frente,
uivar, ganir
como um demente
e casto.
Como te invejo
e te gabo,
como
os que, não sendo cão,
pedem
guloseimas e dão
ao rabo.
Como te invejo o dobrar
do sono,
ladrar a quem
me apetecer
e, se for
preciso, morder
o dono.