terça-feira, 5 de junho de 2018

JOSÉ FERREIRA MONTE


Às escuras, estendo a mão aberta e afago
o Tempo de Silêncio em repouso, vigilante.
Ainda te oiço gritar o verbo mais amargo
da tua Lucília e austera poesia militante.

Que amargurado poeta foste a vida inteira!
Bradavas os teus versos e esse era o pranto,
a arte e a razão, únicos e à tua maneira,
poeta e homem em cada verso do teu canto.

Depois, é como se alvoroçássemos de novo
a Quinta do Amieiro na passagem de ano,
com Pablo, Lopes Graça, as Heróicas do povo,
neste tempo - como então – ainda insano.