terça-feira, 25 de julho de 2017

NO CORAÇÃO DAS HORAS

Aguarela de Jacek Krenz

O RELÓGIO DA TORRE

Constitui uma das principais memórias da cidade. A mais antiga, por certo. Apesar das inúmeras intervenções mantém o seu porte altivo como um farol, como “um velho de largas sobrancelhas emergido do casario”.


Na Torre, onde faz tempo,
as horas batem por fora
há um relógio por dentro
que faz o tempo hora a hora.

Marca as horas boas e más
com preceito e exactidão
de frente, de lado e de trás,
faz das tripas coração.

Marca a vida em compassos,
em esperas e pontualidade,
retalha o tempo em pedaços,
fingindo não ter idade.

A idade (provado assédio)
é o que o relógio recorda
e não resta outro remédio,
que paciência…  e dar-lhe corda.