Sentida
é a dor que me entra pelos olhos
e,
por mais que magoe, não consegue
transbordar
convertida em lágrimas;
antes
a revolta que é caudal de outras águas.
A
mesma dor que definha
as
pétalas vermelhas das papoilas, lacera o vento,
que
antes era brisa imaculada.
Passou
o tempo das searas ondulantes,
quando
o pão era já uma emergência.
Não
me faço entender?
Quem
matou a fonte e deixou a sede arder nos lábios?
Que
foice segou a fome em vez do trigo?
Quem
construiu os caminhos arrevesados?
Um
dia os nossos filhos hão-de querer sabê-lo,
mesmo
se ainda com as mãos nos bolsos.