O
que vale uma bela verdade
sobeja
de uma mentira bem urdida, repetida.
Andam
por aí como andorinhas perturbadas, as verdades
e
como arneiros espaventosos, as mentiras.
São
ambas de livre acesso:
na
política de cá e na que se faz lá fora,
nas
grandes superfícies comerciais e no guiché
das
urgências, enquanto ainda nos comprazem os sentimentos cristãos,
nas
paragens e no interior dos transportes públicos,
na
escola, incluindo os períodos de recreio,
nos
andares acima e abaixo do prédio em que habitamos,
(é
bom não começar já a duvidar de nós mesmos)
naquele
terço de dia em que sublimamos os instintos predatórios,
em
todas as repartições públicas e é provável
que
também nos códigos de barras, mas não posso garanti-lo.
Ao
contrário da verdade,
dizem-me
que a mentira é perfumada.
Talvez
por isso não direi o que me tinha proposto:
cheira
mal.