Haverá a morte de dar notícia.
É com esta aparente contradição
que as dores, usando de malícia,cumprem o que é a sua condição.
Doem, moem e, não poucas vezes,
aliviam para de novo magoarem.
Algumas são matreiras, soezes:
arraigam em silêncio sem se anunciarem.
E quando as favorece a condição
do corpo sem sintomas ou suspeitas,
já não há comprimido ou injecção
que sare a dor das vítimas contrafeitas.
Então, devota, a morte dá notícia:
alvitra o beato descanso eterno
e impõe com autoridade de polícia
de duas uma: o céu ou o inferno!?
E feito o deve e o haver da vida,
se a conta dos pecados está por fazer,
seja qual for a extrema via decidida,
não resta mais à dor senão morrer.