terça-feira, 18 de outubro de 2022

BONECA DE TRAPOS


Se tivesse que escolher – tarefa ingrata – de toda a traquitana

seria, com vantagem, a boneca de trapos a minha eleita:

carão de rosas rubras, pobre remendada, qual franciscana,

saia de chita garrida e rodada de mil farrapos feita.

 

A boneca de trapos era um primor. De uma blusa fininha,

pendia um braço arrancado, faltava-lhe uma sobrancelha

por excesso de amor. Foi sempre assim até ficar velha. 

Digam o que disserem, a boneca era linda porque era minha.