Quando um dia dei por mim,
já compunha rimas em versos,
digo versos ou coisa assim,
que depois, juntos ou dispersos,
se fizeram à vida, cada qual por si,
a tal ponto que hoje em dia
já não me pertencem, já os perdi
e há até quem lhes outorgue a autoria.
Mas regressam quando lhes dá gana,
lambuzam-me de beijos, como gatos,
e quase me sufocam, os filhos duma cana!
-pai, pai, dizem – vai buscar os pratos;
temos fome de metáforas e de rimas,
quem nos faça festas como tu fazias…
E eu, que remédio, acolho as obras primas:
rais partam as rimas, rais partam as poesias!