Há
com certeza um limite para a paciência
que
eu não conheço e, assim sendo, o elástico
invisível
da tolerância pode abrir fendas
e
estalar-me nas mãos ou, pior ainda, na cara.
Ninguém
é suficientemente louco para
suster
dessa forma a respiração.
Dito
de outra forma, ninguém, por muito parvo que seja,
deixa
que o elástico estique, estique, estique,
ao
ponto de não se poder falar já de tolerância
mas
de uma qualquer algolagnia mal curada…
Deuses
e construtores de automóveis
compreenderam
desde o início
a
necessidade de um limite para a paciência:
os
mandamentos e as buzinas, se não resolvem completamente,
vão
dando para as encomendas.
Os
asininos de fala fácil e fato assertoado
-
albarda-se o dito à vontade do dono –
cumprem
um papel relevante:
obrigam
os restantes a testarem os limites
(se
os mandamentos estão bem encrustados nos sentidos;
se
as buzinas são suficientemente timbradas).
O
problema é que se multiplicam com maior frequência
e
a sua proliferação pode tornar-se intolerável.
Apesar
das galinhas serem o que são
e
não suas excelentíssimas mães,
a
vontade de que aqueles fossem ovíparos
e
se pudessem comer no ovo,
não
deixaria de ser um princípio de alívio,
fosse
mexido ou estrelado.
Estou
a perder a paciência. Repito: não conheço o limite,
mas
garanto que não vai sobrar elástico.