As
pedras têm rondado os meus versos
com
a frequência dos meteoritos.
Creio
que o fazem por imitação das palavras.
Como
elas precisam de um intérprete
ou
correm o risco de calarem para sempre
a
sua razão de existirem.
Serpenteiam
os poemas, inflamam os versos
e
abrem-se, por fim, para quem quiser espreitar
a
sua alma de infinita delicadeza,
de
proverbial eficácia.
Têm
vida própria e jamais as convenço
sobre
funções ou itinerários.
Permito-lhes
uma existência natural,
a
mesma que me é dada a mim,
enquanto
não precisar de arremessá-las
contra
os muros levantados pela indiferença.