Levo algum tempo observando sóis e luas
ao desafio com as nuvens e correndo à minha frente,
todos os dias, sem esperas nem abrandamento.
A vida é uma constante observação das nuvens:
as que nos impedem de ver a claridade, as que fingem
desenhar presságios ou apenas vão ao sabor do vento
e das que choram, derradeiramente em cima de nós.
Antes via os salgueiros à beira do rio
e pareciam-me prédios duma avenida futurista,
que apenas a imaginação cuidava;
hoje vejo os enormes arranha-céus, ao longe,
e a fantasia traz-me de novo os salgueiros da infância.
A culpa é minha, que acredito no simulado paraíso
das neblinas matinais e na poesia dos salgueiros.