Se pudesse dar um nome à minha rua
chamava-lhe apenas rua da saudade,
que é o que eu tenho quando me ausento,
que é o que eu sinto quando lá moro.
Se ela tivesse nome pomposo de ministro
ou ilustre
escritor pensava do mesmo modo.
Não tem nada de valor a minha rua, é a minha rua
e isso diferencia-a de todas as outras ruas.
Se não fosse minha era todas as ruas
porque aquela onde eu morasse é que seria
senhora do meu penhor e aconchego
e a saudade ia também morar comigo.