sábado, 3 de setembro de 2016

A MORTE, SEGUNDO O VERSO


Morri ontem à tardinha
de cansaço e desespero
e, permitam-me o exagero,
foi tudo ideia minha.

Desliguei nervos e veias
e válvulas do coração.
Hoje provo que a ressurreição
existe nas almas ateias.

Não posso provar que morri,
nem as maleitas fatais
que matam menos ou mais,
só garanto que renasci.

Chamemos-lhe reciclagem:
é mais terreno e conciso
e basta não ter juízo
para voltar à viagem.

Por um verso desgraçado
e as voltas que me fez dar
vi-me morto, a estrebuchar,
com ele no cérebro encalhado.