Defronte da janela, que já foi ancoradouro
dos meus cotovelos e sonhos, despontavam juncos
e debruçavam-se, pesados, dois salgueiros chorões
na orla duma velha charca, sem préstimo algum,
onde eu teimava em ver minúsculos peixes,
que não passavam de girinos esfomeados
e com pressa de viver à tona
como eu, quando acudia à minha janela.
A charca, de água ludra foi, até às construções
que lhe caíram em cima, ao mesmo tempo,
o desdém de toda a
paisagem e a única fonte de vida do lugar.