A minha terra dava uma colcha bordada
a fio de seda sobre linho, como aguarela,
mostrando pássaros cantando a alvorada,
com lágrimas no peitoril da janela.
E as bordadeiras, que não as há de nomeada?
E árvores e ramos em arcos de festa!
Branda a cor de fundo, de humilde travo,
Depois o grito exuberante que lhe empresta,
em vermelho viçoso, um elegante cravo.
Onde escondem elas as suas mãos de fada?
Estão no fim as meadas, são os últimos remates.
Lugar ainda para um pássaro preto, austero,
um taciturno cavaleiro, empoleirado bonifrates,
todo ponteado com amor e esmero.
Atrás dos panos se descobrem os fios à meada
e tudo o resto é colcha, colcha e mais nada.