Que sei eu da papoila? Nada!
Sei que ninguém a semeia,
que se ergue de madrugada
e que a seara ponteia.
Por vezes choucha, adormece,
de mil noites mal dormida,
quando ao relento anoitece
junto ao pão que lhe dá vida.
De manhã, mal o sol desponta,
ei-la que sorri,
levanta a cara:
vermelha e altiva, de novo pronta
para cerzir a seara.
Tem o sol por alimento,
por aninho, o trigo e o luar,
e de mim tem o atrevimento,
quando lhe deito o olhar.