domingo, 24 de fevereiro de 2013

IN GRATIDÃO

Dois quadros de Ambrósio Ferreira sobre as cerejas


De todos os galhos cruzados da cerejeira
nenhum me aconchegou o verso;
de todos os rebentos clamando a urgente primavera,
não me serviu um só para o poema;
a raiz, ferozmente viva,
não se ofereceu para a metáfora.
Sobreviver lacera a vida das árvores e dos homens.
Veremos quando for o tempo das cerejas,
veremos onde pára a poesia…