quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

DIÁRIO DO CAVADOR



A leira a eito
o canto fundo
a terra ajeito
é quase tudo

Estrumo e rego
o torrão duro
ancinho cego
certo e seguro

Cavo cavador
a sacho e ancinho
metade em suor
outra p’ró moinho

E a reza do dia
que o senhor bendiga
não esta agonia
apenas a espiga

Caneiro de água
canto de rouxinol
maldita mágoa
bendito sol

Suor vertido
semente imaculada
fruto apetecido
ou fruto ou nada

Temporal que mata
da semente à flor
sem dó nem data
mata o cavador

(Mas se outra não for
a verdade que tal encerra
é certo que não cava a dor
a dor que cava a terra)