terça-feira, 21 de fevereiro de 2012
VERDADEIRA MENTIRA
O que vale uma bela verdade
sobeja de uma mentira bem urdida, repetida.
Andam por aí como andorinhas perturbadas, as verdades
e como arneiros espaventosos, as mentiras.
São ambas de livre acesso:
na política de cá e na que se faz lá fora,
nas grandes superfícies comerciais e no guiché
das urgências, enquanto ainda nos comprazem os sentimentos cristãos,
nas paragens e no interior dos transportes públicos,
na escola, incluindo os períodos de recreio,
nos andares acima e abaixo do prédio em que habitamos,
(é bom não começar já a duvidar de nós mesmos)
naquele terço de dia em sublimamos os instintos predatórios,
em todas as repartições públicas e é provável
que também nos códigos de barras, mas não posso garanti-lo.
Ao contrário da verdade,
dizem-me que a mentira é perfumada.
Talvez por isso não direi o que me tinha proposto:
cheira mal.