segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

MATANÇA


Do porco diz-se, coitado,
já nasceu com este fim;
sendo ele o sacrificado,
menos me martirizo a mim.

Rola o bicho no espeto,
rebola a saliva na boca:
- chega-te à frente, sê esperto,
que a carne é fraca e é pouca…

A bula, em tempo, foi paga,
as licenças estão em dia,
já só nos falta quem traga
da lombada bela fatia.

Rola o bicho no espeto,
rebola a saliva na boca:
- chega-te à frente, sê esperto,
que a carne é fraca e é pouca…

Contam-se estórias à mesa
coisas da vida e… do porco:
diz-se com toda a certeza
que vê-lo é ver nosso corpo.

6 comentários:

  1. Chega-te à frente, sê esperto...

    Muito bonito e com todo o sabor popular. A festa da matança.
    As três grandes festas populares
    Natal - Pascoa e Ascensão ... e quando o meu pai mata o porco também faz a sua função...
    Contava-se por aqui...

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  2. Pois este é um texto que se pode tocar com a mão e até mesmo devorá-lo, mas tanta realidade pode causar indigestão.
    Só assisti uma vez à matança do porco. Era pequena e ainda tenho os "gritos" do bicho nos ouvidos.

    Claro está que nada disto tira o brilho a estas quadras, tão ao jeito popular.

    Um beijo

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  3. Triste fim o do porco! rs Muito bem conseguido o seu poema. Abraço.

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  4. Adoro essas ocasiões de "matança" rs

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  5. Eu morro de pena dos bichinhos... :) Beijo!

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  6. Caro João, aqui, mais do que em qualquer outra situação, mais vale EXPERIMENTÁ-LO que JULGá-LO.
    E quem nunca o experimentou que atire a primeira pedra...
    Longa vida ao anfitrião... e a nós também!

    Sabes quem te manda cumprimentos?

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