quinta-feira, 4 de novembro de 2010

REGRAS DO JOGO AO AZAR


O Necas era assim
repetia diariamente a proeza
com a mesma e fatal pontaria danada

a competição era permanente
quase ritual:
ele empertigado cumpria o papel fascinante de vencer
eu um terrível e amargo desprazer de me ficar

o orgulho porém jamais me permitiu
lutar pela inversão das coisas
aceitava ferido (de sangue mais desportivo
que orgânico) a superioridade do Necas
e muito mais as regras do jogo que sempre julguei
irremediavelmente eternas

confesso:
vivi anos de esperança em derrotá-lo
mas ele era assim
sem escrúpulos ou mágoa
com o fôlego de quem por sede bebe um copo de água
olhava-me e anunciava quase cínico:
- chapotada em terreno liso
‘trás de pedras ‘trás de nada
limpos!

2 comentários:

  1. O jogo e as regras do jogo que aceitamos e não reclamamos da desigualdade das forças em campo.

    João todos estamos metidos nestes jogos e sempre jogamos a perder. É absurda a nossa persistência.
    São absurdas as forças postas no campo contrário, assim como as leis do jogo que só protegem os mais poderosos e que nunca os penalizam pelos erros, mentiras e esbanjamento do erário público....
    (e já fui para a maldita política...)

    ResponderEliminar
  2. Aprende mais aquele que perde do que aquele que vence!

    ResponderEliminar