Estão
aí?
Queria
dizer-vos uns versos sobre Abril.
Posso?
Serão
ainda capazes de ouvir até ao fim?
São
demasiadas perguntas, bem sei,
mas
é só porque estou a evitar ser maçador,
complicar
o que é simples
e
sobretudo sem ofender pessoas de bem.
Além
do mais há coisas que não se devem dizer,
não
é? Entre quatro paredes, vá que não vá,
mas
publicamente convém que nos autocensuremos.
Só
para não criar mal entendidos, claro.
Os
versos que vos queria dizer
também
não têm aquela importância de maior.
Feitas
as contas, calaram o que outros por vós fizeram
e
por cá sempre me disseram que coisa mal ganhada
água
a deu; água a levou.
Os
versos que vos queria dizer sobre Abril
são
assim muito simples: façam outro, se forem capazes;
este
está cheio de erva daninha e cravos poucos restam.
Além
do mais, o que é de Abril não floresce em Novembro,
como
vos contam aqueles de pesados saberes.
Abril
é o futuro com um cravo vermelho na mão, ouviram?
Isto
não é uma novidade; é apenas para lembrar,
não
vá morrer-vos na memória o que definha nas palavras.