quarta-feira, 29 de setembro de 2021

QUANDO EU MORRER



Quando eu morrer

saberei tudo o que ficou para trás

e de nada farei queixas.

Batam palmas, sorriam e finjam que são eternos.

Eu já não terei essa prorrogativa.

Quando eu morrer

esqueçam o bastante para que a minha morte

não vos seja perturbadora, porque se o for

será a vossa consciência; a minha estará tranquila.

Comam, bebam e dancem: a vida estará do vosso lado

e se isso vos der prazer, a mim não fará diferença.

Pelo que tenho ouvido, ninguém me irá dar conta

se é alegria ou tristeza o que vos vai na alma.

Quando eu morrer

não pensem muito no assunto:

“mal de quem vai e mal de quem cá fica”

- isto não vai ajudar em nada…

Mantenham a esperança de que tudo vai melhorar.

Mas lutem por isso, é essencial!

Quando eu morrer

não acharão qualquer diferença no que vos é dado para viver:

os ursos polares continuarão a ter focas para a sua dieta

e o vosso talher permanecerá no lugar habitual;

a lua dará as mesmas voltas, apesar do cansaço evidente,

e ser-vos-á permitido fotografar a lua cheia como sempre.

Quando eu morrer

será tudo igual ao que hoje achamos diferente de um dia para o outro.