Os
anjos parnasianos estão entretidos:
tecem
belos poemas para a eternidade
e
os querubins fazem ovos mexidos
por
terem fome e a fome ser de verdade.
É
deixá-los nestes serões celestiais,
eles
adoram poesia e festas de salão;
tocam
harpas e organizam jogos florais,
enquanto
os querubins se ocupam do fogão.
A
fome é apenas manigância espiritual
e
não há como a poesia para manjar tão rico:
torna-os
naperons azuis de renda virtual,
que
o espírito santo vai tecendo com o bico.
Há
contratempos, sanáveis ao que se diz,
versos
indigestos, mas que ao fim e ao cabo
cada
um tem seu destino e cada qual aprendiz
de
poeta e de anjo, com fome é que é o diabo.