Os
meus versos são pó, restos de pesticidas
e
alguma terra amanhada à espera de semente.
Caso
a verdade fosse outra, eu mesmo
tomaria
a iniciativa de tornar claro,
que
os versos levam muita deriva nos regos d’água,
muita
espera e oração pagã, algum suor também.
Acontece
que lhes tenho estima
e
eles, generosos como sempre, sabem confortar-me.
Dou
liberdade aos que vão ganhando asas
e
conforto os enjeitados, os únicos que ficam comigo.
Quem
sabe um dia se soltam ligeiros e vão poisar
no
ramo mais frondoso duma árvore que os declame.