Há
dias em que um minúsculo insecto
(uma
vespa, por exemplo) nos transforma
numa
bolha vermelha e inflamada.
Durante
horas ficaremos piegas e ridículos;
faremos
tudo para chamar a atenção dos demais
para
aquele vermelhão inchado,
que,
logo a nós, haveria de acontecer.
Pretexto
para reivindicar carícias em atraso;
ocasião
perfeita para tornarmos claro
o
lado mole da nossa vida dura…
Por
essa altura já o pobre insecto estrebucha,
sem
defesa a sua vida deixa de fazer sentido
e
a solução é morrer de patas para o céu…
A
pobre vespa em nada contribuiu
para
o desfecho dramático, é a sua natureza.
O
ser humano, não: tem por estranho comportamento
mexer
em tudo o que vê, estragando.
Depois
queixa-se dos inchaços e pede mimo.
Amanhã
não haverá memória desta aventura.
Alguém
fará um compêndio sobre as propriedades
terapêuticas
do veneno das vespas, serão inaugurados
laboratórios
e atribuídos prémios científicos
aos
que abnegadamente contribuíram para o enriquecimento
da
espécie humana e decretado recolher obrigatório
para
todos os insectos com potencial curativo,
incluindo
as vespas.