O ofício de poeta tem que se lhe diga…
Matéria-prima em ruptura permanente
e, pior ainda, o que mais intriga
é que todo o verso se crê urgente.
O tecido é frágil, fino, quase puído,
junta palavras bailarinas numa dança
e que por fim se transforma em vestido,
todo enredado em si, como uma trança.
Não tem prova, se for a gosto, assentar bem,
e a sobranceira figura logo ali se retrate
com o aprumo mais exacto que ela tem,
o poeta não passa de um erudito alfaiate.