quinta-feira, 21 de março de 2019

VISTAS PARA UM POEMA MAGNÍFICO


O mote é irrepreensível, já se vê:
actual e de grande oportunidade…
Só o porá em causa quem não o lê,
um poema magnífico, uma raridade.

Da metáfora então, nem se fala:
só a um génio lembraria coisa tal,
e se é penetrante como uma bala
não é indigesto e ainda menos letal.

De resto, comporta-se como gente
grave, de poucas falas, um cavalheiro
limpo de ádipos, evidentemente,
e suave rima, porém, de tom certeiro.

É certo que evita a turbamulta,
não compromete arte ou pergaminhos
e no dizer se vê de forma culta,
de saudável alimento e de bons vinhos.

Vai passando o janota, aperaltado,
exibindo a forma como se arruma…
É lamentável que ninguém tenha notado,
que pena não ter utilidade alguma.

Malogrado, com excepção da diabetes,
podia dar-se à cura de qualquer padecimento,
mas não, senhor do seus alfinetes,
tranca-se por dentro e dá-se ao sentimento.