Há coisas que não faço,
se me dão pelo pescoço:
ponho-lhes em cima um traço,
não as quero ou não posso.
E é então que penso
naquilo que afinal faço,
que ainda assim é imenso,
ao todo, em pouco espaço.
Às vezes é que não posso
por ser demasiado extenso:
bato o pé direito e destroço
e assim já nem as penso.
Faço portanto o que posso,
o que é dado que faça
e deixo preparado um esboço
enquanto o tempo não passa.
E é assim que me convenço
em tudo o que ultrapasso:
se posso, passo e penso
é porque penso, posso e passo.