Eu e o meu caminho, taco a taco…
Dava gosto ver aquilo,
à vez um poema e um grilo,
tudo no mesmo buraco.
Saquei o grilo, não rimava,
o desasado insecto
de gravata amarela e fraque preto;
só o poema cantava.
Meti o poema numa gaiola das antigas,
trato dele, dou-lhe serralha
e fico à espera que me valha
e me alegre com cantigas.
Ah, a pergunta remanescente:
que fiz eu ao bicho, ao grilo?
Em vez de o prender ou dar-lhe asilo,
dei-lhe liberdade permanente.
Sei que é vivo ainda (o grilo)
sigo-o à distância e gosto de ouvi-lo.