A
morte teria sido um exagero
ou
pelo menos uma facilidade escusada, prematura.
É
verdade que havia o sangue vazado dos joelhos
deitados
abaixo, coalhado nos buracos da terra e nas frinchas das pedras,
o
fémur fracturado, coisa pouca, e o hematoma
que
lhe escureceu as nádegas até às lágrimas
mas
nada comparado com os golpes fatais,
que
matam logo ali ou adiam o último suspiro
para
quando já se pensa que tudo não passou dum susto.
Finalmente
podia respirar de alívio
por
não ter ficado paraplégico ao saltar a vedação da quinta,
como
a si mesmo tinha prometido,
caso
fosse surpreendido a roubar fruta para comer.
Afinal
a morte, como a fome, só acontece da cintura para cima…