Andam
por aí zangados com os anéis de Saturno
e
demais cósmicos e virtuosos passos de dança;
coçam
a virilha cega, e a outra, e depois a pança
e
pairam, sazonais, em ordem própria e por turno.
Deuses,
os que têm barba e figura de indigente,
com
unhas multiusos, túnicas austeras e ensebadas
que,
em paralelogramos de papel dão palmatoadas
a
quem se porta mal e recusa ser diferente.
Claro
que há os prémios e o curriculum das medalhas
à
mistura com vidas trespassadas de doenças e lamúrias,
diplomas
de Pessoa, Camões e do Príncipe das Astúrias
e
atrás uns quantos candongueiros, ilustres gralhas.
De
todo o resto, não passam de figuras tristes:
metáforas
anódinas, céus de chumbo, sonolência
e
outras requentadas alquimias, como a falta de paciência…
Abençoada
sejas, poesia, que a tanto resistes!