Em Maio de 1975, Almeida Santos, Ministro português da
Coordenação Interterritorial
afirmou ao pisar terra cabo-verdiana: “aqui respira-se Portugal”. Escrevi este poema em 10/6/1975
O Corvo poisou no barro seco
e a terra sorriu rasgada e funda.
É África africana, lábio grávido do oceano.
Meu país é longe
como a estrela do norte…
As árvores vergam-se, beijam o chão,
deixaram de suportar o vento
e o mar não pode valer a esta seca.
África tem sol no peito,
tem coração de boi: é forte
e o sangue corre nos braços lânguidos dos seu filhos.
A brisa fresca ao fim da tarde
é licor que adormece esta África
enorme e africana
e eu digo baixinho:
meu país é longe
como a estrela do norte…
Praia, 10/6/1975