A rua de santa maria cheira a hortelã
ao meio dia a mesas
postas esperando
e a suor autêntico ao fim da tarde
mas não sabe nada das suas irmãs ruas
rua dos chões
onde vivia o
presépio
rua dos lagares
há sempre um par de calças por lavar
rua das cabeças
e preferida pelos pardais e pelos putos
- e que bem vão ambos de calções
rua do poço das covas
quem passa ilude-se subindo
há-de descer alheio na hora certa
rua dos passarinhos
sempre tão limpa e vazia
que segredos guarda?
rua dos cavaleiros
é possível o trote com tal inclinação?
hoje não se ouve o pregão dos agriões
nem do carvão de braseira
ela apenas saúda os nossos passos apressados
com as suas correntes de ar e as suas lágrimas
ao canto das janelas