Este será, por ora, o último de sete poemas que João Corvo aceitou publicar em Corpo de Poema. A próxima publicação será de novo assinada pelo autor do blogue.
ALGUMAS NOTAS BIOGRÁFICAS DE JOÃO CORVO
João Corvo nasceu em Ladoeiro, Idanha-a-Nova, no mesmo dia e à mesma hora que eu.
Ganhou o gosto pela escrita em 1974, em Cabo Verde, e publicou contos e alguma poesia no Novo Jornal, semanário daquele arquipélago.
Na década de 80 concorreu a alguns prémios literários de poesia. Por razões de honestidade intelectual nunca chegou à fala com os respectivos membros do júri, apesar de os conhecer muito bem. Além de uma menção honrosa, nada mais consta no seu curriculum.
Com o passar dos anos refinou o humor e ganhou o gosto pelo versilibrismo.
O aparente desdém da sua escrita (excepto quando aborda temas rurais da infância longínqua) revela que afinal é o amor que o move face ao ser humano e à sociedade que quer mais justa.
No início de 2012 dei com ele de novo às voltas com as palavras.
Esta série de poemas teve início em meados de Fevereiro de 2012.
Filipe II de Espanha, quando ordenou
a Invencível Armada contra os bárbaros do norte
e perdeu a frota e os marinheiros,
deveria ter concluído que Deus não vive a sul.
Ou, no pior dos cenários,
Deus, este que é o lábio belfo de Roma,
teria morrido afogado nas águas frias do Mar do Norte
muito antes Francis Drake disparar o primeiro tiro.
Mas nenhum deus morre
ou passa de um lado para o outro
sem o consentimento de um monarca como foi Filipe II,
para mal dos nossos pecados.