Fui herói encomendado
para defender a nação:
fizeram de mim soldado
deram-me água e sabão,
uma pistola carregada
para matar o inimigo,
que diziam estar escondido
e ter a mão pesada
para quem fosse cobarde
e lhe virasse as costas:
(- ala, que se faz tarde,
não arme um par de botas!)
Para safar a cabeça
foi preciso usar o corpo
e se já me livrei dessa
foi por pouco, muito pouco.
O bunker deu-me um jeitão:
oculto na catacumba
não fiz lá falta nenhuma
e passei por bom cristão.
E agora, sair daqui,
desta metáfora apertada
da guerra onde me meti?
O melhor é não fazer nada.
Foi aí, inesperadamente,
que apareceu o peclise
com ares de inteligente
p’ra me salvar da crise.
Disse então a eminência,
que, milimetricamente,
é preciso ter paciência
para que nada aconteça
e não cair de borco:
onde couber a cabeça,
cabe o resto do corpo.