Deus escolheu para si o céu,
deixando a sua obra prima
à mercê das trovoadas,
espargida do alto e encharcada de fé.
Deus escolheu para si as nuvens,
para nelas se representar
nos tectos das catedrais
e as duas obras se contemplarem.
Deus escolheu para os seus
os jardins e canapés celestes,
ciente de que não chove nunca
do negrume para cima.
Deus escolheu para si
o lado cerúleo do universo
e apurou em nós a alma
para a expiação parda do pecado.
Deus concede-nos lugar
no condomínio, caso as lágrimas
nos façam sucumbir
e ter direito a uma morte santa.