sexta-feira, 3 de julho de 2009

MULHER E ALENTEJANA



A figura é religiosa e é profana,
como é sua fragrância costumeira,
se é um dom da natureza humana,
cheira a incenso e hortelã da ribeira.

Frágil, como mãos de costureira,
È, na sua essência, altiva, ufana.
Primordial e última trincheira,
ambas numa só, que a vida aplana.

A golpes de sol e lida humana,
curvada mais de músculo que de vontade.
E, à parte, doce – o mel é a verdade

toda! – que no auge da adiafa há-de
ser flâmula brandida à posteridade,
como exemplo de mulher e de alentejana.

6 comentários:

  1. Muito interessante, este jogo de alternância entre a força e a fragilidade que é inerente à condição da mulher, alentejana e não só.

    Um beijo

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  2. Que bonito, João. Toda mulher tem esta dupla face. E alguns homens também...
    um beijo

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  3. Vim dizer Boa noite

    e deixar um pouco de mim...



    MULHER DEUSA

    Mulher que és
    Deusa que foste
    Mulher que tudo fez
    E tudo deu
    Mulher que sempre sofreu
    E que sempre deu
    Deu sem nada pedir
    E muito pouco recebeu
    Mas alegremente
    recebeu...
    Recebeu dor e angústia
    Sofrimento e muito mais
    Mas como é mulher
    Continua a dar
    E a nada pedir
    E a sentir que é...
    Mulher Deusa

    Lili Laranjo (Salpicos de cá e de lá...)

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  4. São várias as faces, dum só rosto. Gostei muito de passar por este seu espaço.
    Parabéns
    Cristina Fernandes

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  5. Um acaso chamado fome, ora sede incessante de poesia, trouxe-me aqui... e prendeu-me com seu laço a este poema-retrato do paradoxo de mulher. Sobretudo pelos vocábulos que puxam à simplicidade do que são, estes seres complexos. Lindo trabalho. [Katyuscia]

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  6. Forte
    Doce
    Mãe
    Senhora
    Amante
    Hortelã
    Poejo
    Coentro
    Mulher
    Alentejana!

    Tão bonito este poema, João!...
    São assim mesmo as MULHERES ALENTEJANAS.

    Um abraço
    mariabesuga

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