quinta-feira, 21 de outubro de 2021

EFÊMEROS



Era um rio,

um rio, que era todos os rios, de águas vivas

enfileiradas ao longo do caminho.

Às vezes um barco fazendo pela vida.

Nas margens, os salgueiros

inclinavam-se; faziam vénia e aproveitavam

para refrescar na água corrente os ramos mais afoitos.

O rio ia passando

tinha mais caminho, mais água à sua espera.

Algum tempo depois, nesse ou noutro dia,

o rio teria o fim anunciado, um mar imenso

onde não haveria mais falas sobre o rio

e aquela imensidão de água não contaria

senão para morrer dentro de si com o rio na barriga.